Antes de Morrer, Jenny Downham

28 de abril de 2012

Título: Antes de Morrer
Autora: Jenny Downham
Editora: Agir
Número de páginas: 289


Tessa Scott tem 16 anos e os mesmos desejos e inseguranças da outras meninas de sua idade. No entanto, numa época em que deveria descobrir aos poucos o mundo adulto, sente que corre contra o relógio. Ela tem leucemia e experimenta a dura realidade de enfrentar a proximidade da morte, quando ainda se é tão jovem. Por mais que tente agir como as outras garotas, Tessa se sente cada vez mais longe dos seus sonhos: apaixonar-se, ter filhos, viajar pelo mundo. Com o agravamento de sua fraqueza física e a perda de esperança dos médicos no prolongamento de seu tratamento, Tessa só vê uma saída: viver o mais intensamente possível.
Em busca do tempo que se esgota, ela inicia um pequeno projeto: organiza uma lista com as dez coisas mas importantes que gostaria de fazer antes de morrer. A primeira transa, infringir alguma lei e aprender a dirigir compõem a lista de desejos a serem cumpridos.
Mesmo consciente de seu corpo debilitado, efêmero, Tessa quer viver mais do que tudo, quer abraçar o mundo e ao mesmo tempo ser eterna, e para isso vai testar todos os seus limites. Logo verá que essas experiências podem ser frustrantes, ou magoar aqueles que mais ama, deixando marcas profundas em sua família e em seus amigos: seu pai, que se dedica inteiramente à filha; seu irmão Cal, que sofre com cada piora do estado de saúde de sua irmã; sua mãe, que havia deixado a família quando Tessa tinha 11 anos; e Zoey, sua melhor amiga. Personagens tão humanos em suas fraquezas e grandezas, tão frágeis diante da dor e da perda, tão reais e comuns.


Esse definitivamente foi um dos livros em que mais senti dificuldade para ler. Não por ter uma escrita difícil ou uma história pouco envolvente, muito pelo contrário, me envolvi e refleti muito ao ler o livro.
Comecei a leitura em fevereiro e desde o começo lágrimas e mais lágrimas foram arrancadas de mim e por esse motivo eu deixava a leitura por um tempo. Talvez eu seja emotiva demais ou esteja num momento mais propenso a isso, mas ele realmente mexeu comigo.

Nunca pensei muito no assunto, em morrer e em deixar tudo aqui, entretanto durante a leitura isso mudou. Comecei a pensar o que eu gostaria de fazer antes de morrer e do que sentirei falta quando eu não estiver mais aqui. Ver o pôr-do-sol na praia, andar de bicicleta, desenhar, procurar novas receitas para cozinhar com a minha mãe, enfim, uma infinidade de coisas.
E isso realmente não é nada legal e agradável. É óbvio que todos vamos morrer, mas quando não sabemos como e quando, não passamos tanto tempo pensando no assunto. Agora imagine se você já tem um diagnóstico de uma doença incurável e se encontra em estado terminal! É compreensível a rebeldia e raiva de Tessa, uma jovem de 16 anos que desde os 12 anos convive com a dura realidade de ter um tipo raro de leucemia. Ela nunca vai ser adulta, se formar no colégio, casar, ter filhos, viajar pelo mundo... Em meio a todos esses pensamentos, de tudo que ela vai perder e deixar de fazer por morrer tão jovem, é que ela cria uma lista de 10 coisas que gostaria de fazer antes de morrer. Ao longo do livro os itens da lista vão sendo realizados e a cada item riscado me dava um aperto no coração, pois eu pensava: "Será que ela vai ter tempo para o próximo item?", afinal, foi uma corrida contra o tempo.

Só nas primeiras páginas que fiquei sem paciência com a Tessa, a achando muito reclamona. Mas como assim? Não é o esperado, que ela fique com raiva de tudo e todos? Cheguei a conclusão de que sim quando comecei a me imaginar no lugar dela. Só acho que determinadas atitudes foram extremamente estúpidas e desnecessárias, tais como roubar e usar drogas. Afinal, acho sem propósito ir contra a lei de diversas maneiras por estar doente.

O irmão dela, Cal, me conquistou com seus truques de mágica e sua força para lidar com o fato de que sua irmã mais velha morreria em breve, apesar de ainda ser uma criança. Já a mãe dela, eu achei um tanto desprezível, é difícil aceitar uma mãe que abadona os filhos por causa de um homem e quando regressa quase não participa da vida deles. Também não gostei da amiga dela, Zoey, que no começo deixa claro não ter paciência e nem vontade de ajudá-la com a lista, apesar de ter concordado em fazê-lo. No decorrer da história ela muda bastante, mas ainda assim não me convenceu. Porém um personagem marcante é o Adam, que é muito fofo. Me arrisco a dizer que, talvez, seja um dos personagens que mais gostei de todos os livros que li. Além dele não ser forçado, não é aquela velha história de garoto popular que se apaixona por menina doente/feia/excluída ou qualquer coisa do gênero. Em diversos momentos Zoey dizia para Tessa: "Aposto que se você não estivesse doente, não beijaria o Adam, ele é muito feio.", mas eu não consegui imaginá-lo feio.

Os momentos que Tessa passou com Adam me emocionaram bastante e com o Cal também, mas nada supera o relacionamento dela com o pai. Sou muito apegada ao meu pai e ler uma história onde o pai faz tudo que está ao seu alcance pela filha e ver o sofrimento dele quando a vida de Tessa estava chegando ao fim me emocionou ainda mais. As recomendações que ela escreve para o pai foram o ápice da minha tristeza, com certeza.

Um livro narrado em primeira pessoa, onde podemos ter uma ideia de como é a vida das várias Tessas que existem no mundo. Não me arrependi de ter lido, apesar da tristeza que senti, mas se você tiver interesse em ler o livro e está sensível no momento, talvez seja melhor deixar para depois, pois não tem como não se emocionar com o livro, a não ser que você tenha um coração de pedra.


"(...) Me recordei rapidamente de todas as pessoas e coisas que perdi por ainda não estar preparada para elas, ou por ainda ter muita curiosidade de mundo e dificuldade em ser permanente...
Recordei de amigos e parentes distantes, aqueles que eu sempre deixo pra depois porque moram muito longe ou acabaram se tornando pessoas muito diferentes de mim, sempre penso “mês que vem faço contato com eles”. E se não tiver mês que vem?..." Tati Bernardi

Antes daquele livro

19 de abril de 2012

Não li livro algum na última semana, a única coisa que fiz foi desenhar e cheguei ao ponto de dormir enquanto desenhava. Como eu não tive tempo para fazer o post que eu queria, resolvi falar um pouco sobre como o livro entrou na minha vida. Parece bobagem, mas tenho pensado sobre isso pois estou cercada de pessoas que não gostam de ler e em outros momentos me deparo com diversos blogs onde o que mais leio é: "amo os livros desde que me entendo por gente" e eu não sei se coro as bochechas ou franzo o cenho.
Afinal, o Brasil não é um país de leitores assíduos, eu mesma demorei para gostar de ler e me sinto envergonhada sempre que leio algo do gênero.

Quando eu era criança até lia aqueles contos de fada e achava o máximo, mas nada além disso. Depois começaram os livros obrigatórios do colégio e eles eram minha tortura, pois eu não conseguia lê-los. Pedia para alguém me contar a história resumidamente antes da prova e tudo corria bem, até o dia quando eu estava com meus 12 ou 13 anos e pediram (obrigaram) para ler o livro Depois daquela viagem da Valéria Piassa Polizzi e eu simplesmente adorei a sinopse e devorei o livro em uma tarde e foi assim que ouvi sininhos e passei a amar os livros. Logicamente eu não lia qualquer livro no começo, mas com o tempo consegui ler os tais livros que eu considerava chato.

Para quem não leu e nem mesmo sabe que livro é esse, a Valéria conta quando e como contraiu o vírus da AIDS aos 16 anos, o que ela sentiu e fez após a descoberta e hoje, em 2012, ela ainda continua viva e fazendo palestras sobre o assunto.

Ainda assim sou contra leituras obrigatórias, pois elas não incentivam a leitura. Acredito que a leitura não deva ser uma obrigação, quando ela é perde-se totalmente o sentido de se divertir, passar o tempo ou aprender.
Queria poder fazer alguma coisa para incentivar de verdade a leitura, mas não é tarefa fácil. Falar os prós dos livros não é o suficiente para não leitores começarem a ler. Já indiquei vários livros para amigos na esperança deles se interessarem e mesmo assim não deu certo e isso é muito frustrante.


Já que eu não consigo fazer um post sequer sem uma "curiosidade", vou dizer o que muitos já devem ter ouvido falar: O Brasil é um dos países com o melhor tratamento para a AIDS e mais de 95% dos portadores do vírus tem acesso ao tratamento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente, de acordo com esse site. Porém não é nenhuma mil maravilhas pelo que diz esse outro site.


E você, gosta de ler a quanto tempo? Algum livro marcou esse momento?


Observação: O último post foi a última vez que não coloquei algum link de onde consegui a informação do que estou dizendo, pois odeio passar informação errada. Quando eu tiver mais tempo vou tentar conversar com alguém que entenda mesmo do assunto, mas nos diversos sites que pesquisei para fazer o post falavam sim que a linguagem dos sinais não é universal.
Libras = Linguagem Brasileira de Sinais

Série: Switched at Birth

10 de abril de 2012

Essa série estreou em junho de 2011 e atualmente está em seus últimos episódios da 1ª temporada no canal ABC Family. No Brasil a série estreou em novembro no canal Sony Spin.


Bay Kennishe e Daphne Vasquez, ambas as garotas tem 16 anos quando descobrem o impensável: elas foram trocadas, no hospital, ao nascer. Bay cresceu em uma família rica, com o carinho e atenção de John e Kathryn ao lado do irmão mais velho, Toby. Porém ela sempre se sentiu intrigada em relação a sua família, se achando diferente deles, não somente fisicamente mas também quanto ao modo de pensar e agir em determinadas situações. Após uma aula de biologia ela descobre ser impossível ter o tipo sanguíneo que tem comparado ao tipo sanguíneo dos pais e então tudo começa, pois eles decidem descobrir o que há de errado e após constatarem que Bay de fato não é sua filha biológica, entram em contato com o hospital em busca da verdade, descobrindo a troca. Para a família de Daphne o choque foi ainda maior, ou talvez não. Daphne cresceu em uma família pobre ao lado da mãe solteira, Regina, e a avó e quando criança teve meningite que causou a perda da sua audição.

Após as duas famílias se encontrarem começa um dos maiores conflitos: o que eles farão? Elas trocarão de casa, de família, como se tudo no passado não mais existisse? Então eles chegam a conclusão de que as duas famílias precisam se juntar, pensando no bem de Bay e Daphne, concordando em morar na mesma casa. Nem preciso dizer que em consequência surgirá muita confusão e reviravoltas, não é?
Também conhecemos outros personagens, dentre eles o Emmett, melhor amigo de infância da Daphne, que é um fofo! Já o irmão da Bay e seu melhor amigo são bem engraçados e se metem em várias confusões.


Além da série abordar um assunto tão complicado quanto a troca de recém-nascidos em hospitais, e sim, isso acontece de verdade em todo o mundo, também retrata as dificuldades que os deficientes auditivos enfrentam todos os dias em suas vidas quando precisam lidar com pessoas que escutam em uma sociedade que descarta as diferenças.
Achei muito interessante a abordagem, apesar de imaginar as dificuldades em não escutar e precisar viver em um lugar onde a maioria pode ouvir, nunca conheci um surdo e então não tinha a menor ideia do que eles realmente pensam e sentem. Apesar de ser apenas uma série da para ter uma boa ideia das dificuldades e frustrações. É demonstrado o problema de comunicação entre um ouvinte e um surdo e apesar de ser óbvio, nunca pensei que eles pudessem se sentir frustrados por isso. Os pré conceitos também estão presentes e além disso é retratado a falta de paciência em lojas e restaurantes para atender apressadamente alguém que não consegue escutar e muitas vezes falar.

Acho que falta muita coisa nas pessoas, não somente preparo para atender, mas principalmente se importar com o próximo. Ninguém precisa fazer curso de linguagem dos sinais para pelo menos dar tempo para o outro tentar se comunicar. Da mesma forma que não adianta calçadas com rebaixamentos para cadeirantes e simplesmente o semáforo fechar e abrir em questão de 20 segundos. Bom senso e respeito, é o que claramente falta na nossa sociedade.


Tenho certeza que o interesse em aprender libras aumentou não somente em mim, mas em muitos telespectadores, pois cheguei a ler comentários numa comunidade da série falando sobre o assunto. Mas uma coisa eu achei bem curiosa, sempre achei que os sinais fossem os mesmos aqui no Brasil e no restante do mundo, mas não são e isso certamente dificulta ainda mais a comunicação.




Curiosidade: os atores que interpretam Emmett e a sua mãe são realmente surdos e a atriz que interpreta Daphne praticamente não escuta devido a uma doença.

Do papiro ao e-book [parte 2]

2 de abril de 2012

Mais um post sobre a "evolução" do livro, onde eu comecei com esse post, contando sobre o surgimento da escrita e depois falei aqui sobre os materiais utilizados na Antiguidade para escrever. Agora falta pouco para chegar ao modelo mais recente dos livros, os e-books. Acredito que apenas mais um post será necessário ou no máximo dois.


Na Idade Média o livro sofre um pouco, na Europa, por causa do excessivo fervor religioso e passa a ser considerado como um objeto de salvação. A característica mais marcante da Idade Média é o surgimento dos monges copistas, homens dedicados em período integral a reproduzir as obras. Nos monastérios era conservada a cultura da Antiguidade. Apareceram nessa época os textos didáticos, destinados à formação dos religiosos.

O livro continua sua evolução com o aparecimento de margens e páginas em branco. Surge a pontuação no texto e o uso de letras maiúsculas. Também aparecem índices, sumários e resumos, e na categoria de gêneros, além do didático, aparecem os florilégios (coletâneas de vários autores). Progressivamente aparecem livros em língua vernacular, rompendo com o monopólio do latim na literatura. O papel passa a substituir o pergaminho.

Mas a invenção mais importante foi a impressão, no século XIV. Consistia originalmente da gravação em blocos de madeira do conteúdo de cada página do livro. Os blocos eram mergulhados em tinta e o conteúdo transferido para o papel, produzindo várias cópias.
Foi em 1405 que surgia na China, por meio de Pi Sheng, a máquina impressora de tipos móveis, mas a tecnologia que provocou uma revolução cultural moderna foi desenvolvida por Johannes Gutenberg.


Na Idade Moderna, no Ocidente, em 1455, Johannes Gutenberg inventa a imprensa com tipos móveis reutilizáveis de metal.

Gutenberg vivia numa região caracterizada pelo cultivo de vinho. Prensas de vinho já eram utilizadas para a obtenção do vinho, a fim de “ex-primir” o suco das uvas. A prensa de vinho foi tomada como molde embora ainda fosse necessário muito trabalho para transformá-la numa impressora tipográfica.
A suspensão da placa, que não deveria girar, foi uma importante inovação. A semelhança com as prensas de vinho desta época é inconfundível.
Com ajuda do torniquete da prensa, imprime-se a placa com o papel sobre os caracteres. Enquanto um artesão imprime, o outro aplica tinta nos caracteres, sempre de forma alternada.
A prensa fornece uma face de texto muito mais homogênea do que a que os melhores escribas da época eram capazes de fazer manualmente.


O primeiro livro impresso nessa técnica foi a Bíblia em latim. Houve certa resistência por parte dos copistas, pois a impressora punha em causa a sua ocupação. Mas com a impressora de tipos móveis, o livro popularizou-se definitivamente, tornando-se mais acessível pela redução dos custos da produção em série.

Página de um exemplar da Bíblia de 42 linhas, o primeiro livro europeu
impresso por processo industrial, na oficina de Gutenberg em Mainz.

A rápida reprodução de textos com tipos móveis levados ao prelo foi um acelerador decisivo para a difusão das idéias do Humanismo, da Renascença, e também depois de 1500, do Protestantismo, ajudando a levar a termo o sombrio período da Idade Média e o monopólio cultural da Igreja Católica.
Bulas e panfletos, propaganda religiosa, foram os primeiros meios de comunicação de massas que saíram dos prelos de Gutenberg.

* prelo: máquina tipográfica de impressão; prensa.

Passados 350 anos depois da revolucionária invenção de Gutenberg, a impressão passou por poucos aperfeiçoamentos. A Revolução Industrial mudou o curso da Imprensa, mecanizando o processo da impressão.